Quando eu era criança, acho que
aos 4, resolveram tirar as rodinhas da minha bicicleta. Foram tombos
incontáveis. Tudo porque eu não freiava. Ia sem dó nenhuma pra cima das
montanhas de pedra das construções da rua onde eu morava. E eu estava sempre
correndo, sempre dando de testa com alguma coisa. Tudo por não usar os freios.
Caia, me levantava, e lá estava
eu: pronta pra mais uma queda. Bom, mesmo não usando os freios, mesmo vivendo
machucada, eu continuava correndo, caindo, levantando.
Acho que minha vida tem duas rodas e eu montei nela.
Continuo correndo, continuo não freiando, continuo caindo, continuo me
machucando, continuo levantando, continuo seguindo. Eu pedalo muito forte na
vida e ainda não ligo para os freios. Mas ultimamente eu pendurei em minha vida
duas coisas que eu não tinha em minha bicicleta: um retrovisor e uma buzina. O retrovisor
eu ainda não aprendi a usar e nem sei se vou. A buzina deve funcionar bem, pelo
menos agora eu tenho um alerta que dá escolha para as coisas serem ou não
atropeladas – eu não sei contornar: ou atropelo ou trombo, depende do tamanho.
- Seria tão mais fácil parar de
correr e aprender a freiar, né?
- Mas assim não teria o vento no
rosto. Pele cresce outra vez.
Mais ou menos... as vezes fica cicatriz e as vezes deforma.
ResponderExcluirE quando fica cicatriz, é foda... você vira velha, o tempo muda, a cicatriz doi... impressionante hauhauhauha
Mas tá valendo, se joga, bee!
:**
Cicatriz é bom dona moça! O que a memória falha, o corpo te lembra.
ResponderExcluirIsso me lembrou um texto que escrevi há mil anos atrás "Sobre meninas e bicicletas": http://trunkael.blogger.com.br/2004_12_01_archive.html#33883193
ResponderExcluirFarrael, é engraçado algumas coisas, eu tenho medo de muita coisa, mas não tenho medo da minha bicicleta, nem de soltar as mãos e muito menos das cicatrizes! (amei o texto!)
ResponderExcluir