quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Os freios, o retrovisor, a buzina e o vento.


Quando eu era criança, acho que aos 4, resolveram tirar as rodinhas da minha bicicleta. Foram tombos incontáveis. Tudo porque eu não freiava. Ia sem dó nenhuma pra cima das montanhas de pedra das construções da rua onde eu morava. E eu estava sempre correndo, sempre dando de testa com alguma coisa. Tudo por não usar os freios.



Caia, me levantava, e lá estava eu: pronta pra mais uma queda. Bom, mesmo não usando os freios, mesmo vivendo machucada, eu continuava correndo, caindo, levantando.

Acho que minha vida tem duas rodas e eu montei nela. Continuo correndo, continuo não freiando, continuo caindo, continuo me machucando, continuo levantando, continuo seguindo. Eu pedalo muito forte na vida e ainda não ligo para os freios. Mas ultimamente eu pendurei em minha vida duas coisas que eu não tinha em minha bicicleta: um retrovisor e uma buzina. O retrovisor eu ainda não aprendi a usar e nem sei se vou. A buzina deve funcionar bem, pelo menos agora eu tenho um alerta que dá escolha para as coisas serem ou não atropeladas – eu não sei contornar: ou atropelo ou trombo, depende do tamanho.

- Seria tão mais fácil parar de correr e aprender a freiar, né?
- Mas assim não teria o vento no rosto. Pele cresce outra vez.